TERMAR DUNHA METÁFORA

Unhas das xeiras máis complicadas para un escritor é usar axeitadamente as metáforas. Refírome tanto en cantidade como en calidade. A cuestión da calidade depende do talento e da práctica, mais a da cantidade soamente require oficio. Trátase de saber limitar o número de metáforas que se deben de usar por parágrafo e de usar abondas para que teña expresividade. Moitas veces, os escritores achamos tal plasticidade na imaxe que estamos imaxinando e tratando de describir que abusamos da metáfora. O recurso, coma sempre en cuestións de estilo, é escoller. Como mal menor, poderemos subtituílas por comparacións ou por xogos de palabras.

Un dos mellores exemplos de metáfora e mesmo de metáfora sostida ao longo dun parágrafo veño de lerllo a Amos Oz, por algo soa como un dos favoritos para o xoves:

"Na verdade, aquilo era mas uma cave: o rés-do-chão do prédio fora escavado na encosta do monte. O monte era o nosso vizinho -un vizinho pesado, introvertido e severo, un monte velho e melancólico, com costumes de solteirão empedernido, fechado nun silêncio total, sonolento e invernal, que nunca arrastrava móveis nem recebia convidados, não fazia barulho nem chateava mas, através das dúas paredes comuns, infiltrava-se sempre, como un persistente cheiro a mofo, o frio, a escuridão, o mutismo e a humidade daquel vizinho triste".

Comments

[Jaureguizar]

Muito obrigadinho pela visita, Maria. Achei atractivo o seu blogue. Canto o que comenta das ligazóns inesperadas, si é certo, e tamén é a arma que nos fica aos escritores fronte a escrituras automáticas (xeradas por ordenadores ou mesmo por persoas).

[maria]

Chamas a atenção para um dos recursos mais ricos de Amos Oz. Neste livro, parava às vezes, para ter a certeza de que a imaginação podia ser tão fértil em ligações improváveis (mas plenas de sentido).

Obrigada pela referência ao D&C, e assim pude descobrir este Cabaret! Ficas nos meus favoritos, que a quantidade de mundos e cruzamentos que aqui vi são empolgantes.

Abraço